O raciocínio geográfico tem lugar num currículo progressista? Para começar um debate sobre a revisão da BNCC

Autores

  • Ana Angelita Rocha Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.33025/grgcp2.v9i18.4019

Palavras-chave:

Currículo, Raciocínio Geográfico, Antagonismo

Resumo

O presente texto é resultado das minhas inquietações sobre a teoria curricular e o ensino de geografia. A minha proposta tenciona o debate sobre conhecimento escolar à luz da teoria política, a partir da discussão de antagonismo empreendida por Ernesto Laclau e seus interlocutores (2000; 2005a).  Com essa costura teórica, o  artigo  defende que a revisão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se torna uma agenda prioritária num cenário democrático. Para sustentar este argumento, busco interlocutores de língua inglesa que já problematizaram os limites e as potências de metáforas organizadoras do currículo, como o raciocínio geográfico.  Nessa direção, vejo a relação   entre   o   conhecimento   escolar   e   a   abordagem   da   teoria   política como chave de interpretação das reformas curriculares em escala nacional e global. A hipótese deste texto opera com a desconfiança de que o raciocínio geográfico induz um protagonismo que desloca para a margem do currículo algumas tradições do ensino da Geografia muito caras para a pauta da comunidade disciplinar e para a crítica da sociedade com regime conservador e autocrático.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Angelita Rocha, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora da Faculdade de Educação, Departamento de Didática (UFRJ). Integrante do Núcleo de Estudos do Currículo (UFRJ) e do Núcleo de Estudos sobre Regionalização e Globalização (UFF).

Referências

BRASIL Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em:

<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.> Acesso em: 14 dez 2019.

BROOKS, C. International differences in thinking geographically, and why ‘the local’ matters. IN: BROOKS, C. BUTT, G., FARGHER, M. (Eds). The power of geographical thinking. International Perspectives on Geographical Education. IGU-UGI, Springer, London, 2017. 169-181.

CASTELLAR, S. M. V.; JULIASZ, P. C. S. Mental map and spatial thinking. In: ICC 2017 - 28th International Cartographic Conference, Anais... 2017, Washington -DC. International Cartograpic Conference 2017, 2017.

CASTELLAR, S. M. V.; JULIASZ, P. C. S. Raciocínio geográfico e a teoria do reconhecimento na formação do professor de Geografia. Revista Signos Geográficos. Boletim NEPG de ensino de Geografia, Vol.1, 2019. Universidade de São Paulo: 2019. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/signos/article/view/59197>. Acesso em: 2020-01-18.

COSTA, H. H. C. Seríamos a política que criticamos?': a interlocução do povo da Geografia na produção da BNCC. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 10, p. 125-152, 2020.

COUNCIL, NATIONAL & STUDIES, DIVISION & RESOURCES, BOARD & CURRICULUM, COMMITTEE & GEOGRAPHY, COMMITTEE: 2006. Learning to Think Spatially: GIS as a Support System in the K-12 Curriculum. Washington DC 10.17226/11019. Disponível em: <https://www.nap.edu/catalog/11019/learning-to-think-spatially>. Acesso em: 26 set. 2020.

GABRIEL, C.T. & ROCHA, A.A.C.N. Seleção do conhecimento como operação antagônica. ETD: Educação Temática Digital, v. 19, p. 844-863, 2017.

GEOGRAPHICAL ASSOCIATION. A different view – a manifesto from the Geographical Association. Sheffield, Inglaterra. 2009. Disponível em: <https://www.geography.org.uk/write/MediaUploads/Support%20and%20guidance/GA_ADVBookletFULL.pdf>. Acesso em: 01 jan. 2023.

HOWARTH, David. Discourse. Open University Press. Buckinghtam, Philadephia: 2000.

LACLAU, Ernesto. Razón Populista. Buenos Aires: Fondo de cultura económica, 2009.

LACLAU, Ernesto. E MOUFFE, Chantal. Hegemonia y estrategia socialista - hacia uma radicalización de La democarcia. Buenos Aires: Fondo de cultura económica, 2005 (a).

LACLAU, Ernesto. Nuevas reflexiones sobre la revolución de nuestro tiempo. Buenos Aires: Nueva Visión, 2005 (b).

LACLAU, Ernesto. Misticismo, retorica y política. Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 2000.

MACEDO, E. Mas a escola não tem que ensinar? Conhecimento, reconhecimento e alteridade na teoria do currículo. Currículo sem Fronteiras, Pelotas, v. 17, n. 3, p. 539-554, set./dez. 2017.

MARCHART, Olivier. El pensamento político pós-fundacional, La diferencia política en Nancy, Lefort, Badiou Y Laclau. Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 2009.

MORGAN, J. What do we mean by thinking geographically? In: LAMBERT, D & JONES, M. Debates in Geography Education. London: Routledge, 2013. p. 273-281.

ROCHA, A. A.; AGUIAR, L. Por Que Traímos o Espaço Geográfico? Notas Para Uma Conversa Curricular. Revista Geoaraguaia, v.12 n. Especial Dossiê de Educação em Geografia, out. 2022.

ROCHA, A.A.C.N. Os vestidos da Madrinha Verônica: ou como a morte aparece no currículo. Currículo sem fronteiras, v. 20, p. 768-785, 2020. Disponível em:

<https://www.curriculosemfronteiras.org/vol20iss3articles/rocha.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2021.

SANTOS, M. Por uma Geografia Nova: Da crítica da Geografia a uma Geografia crítica. 6ª ed. São Paulo: Edusp, 2004. 285p.

SILVA, R. R. Emocionalização, algoritmização e personalização dos itinerários formativos: como operam os dispositivos de customização curricular? Currículo sem Fronteiras, v. 17, n. 3, p. 699-717, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.curriculosemfronteiras.org/vol17iss3articles/silva.pdf. Acesso em: 02 dez. de 2022.

SPRING, J. Globalization of Education – an introduction. Routledge, 2nd edition. NY, 2015, 229p.

UHLENWINKEL, A. Spatial Thinking or Thinking Geographically? On the importance of avoiding maps whithout meaning. University of Potsdam: Germany Pp 294-305. Disponível em: <https://www.semanticscholar.org/paper/Spatial-Thinking-or-Thinking-Geographically-On-the-Uhlenwinkel/624d10d5effaa0bbac22138a4ec95cc9ff441a79>. Acesso em: 15 set. 2021.

UHLENWINKEL, A. Geographical thinking: is it a limitation or powerful thinking? In: BROOKS, C. BUTT, G., FARGHER, M. (Eds). The power of geographical thinking. International Perspectives on Geographical Education. IGU-UGI, Springer, London, 2017. p. 41- 58.

YOUNG, Michael. Por que o conhecimento é importante para as escolas do século XXI? Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 159, p. 18-37, mar. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v46n159/1980-5314-cp-46-159-00018.pdf. Acesso em: ago. 2016.

YOUNG, Michael. Teoria do currículo: o que é e por que é importante? Cadernos de Pesquisa, v. 44, n. 151, p. 190-202, jan./mar. 2014.. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v44n151/10.pdf.> Acesso em: jul. 2016.

YOUNG, Michael; LAMBERT, David. Knowledge and the future sochool – curriculum and social justice. Bloomsbury Academic Publishing, Londres: 2014.

YOUNG, Michael. O futuro da educação em uma sociedade do conhecimento: o argumento radical em defesa de um currículo centrado em disciplina. Revista Brasileira de Educação, v. 16, n. 48, p. 609-623, dez. 2011.

YOUNG, Michael. Bring Knowledge Back In – From social constructivism to social realism in the sociology of education. Routledge, London and New York: 2008.

YOUNG, Michael. & MÜLLER, Johan. Verdade e Veracidade na sociologia do conhecimento educacional. Educação em Revista, UFMG, Belo Horizonte, v. 45, p. 159-196, jun. 2007.

YOUNG, Michael. O currículo do futuro – Da nova sociologia da educação a uma teoria crítica do aprendizado. Campinas, SP: Papirus, 2000.

YOUNG, Michael. (Org.) Knowledge and Control: New Directions in the Sociology of Education. Collier-Macmillan, Londres: 1971.

Downloads

Publicado

2022-12-30

Como Citar

ROCHA, A. A. O raciocínio geográfico tem lugar num currículo progressista? Para começar um debate sobre a revisão da BNCC. Giramundo: Revista de Geografia do Colégio Pedro II, [S. l.], v. 9, n. 18, p. 25–36, 2022. DOI: 10.33025/grgcp2.v9i18.4019. Disponível em: https://portalespiral.cp2.g12.br/index.php/GIRAMUNDO/article/view/4019. Acesso em: 16 jan. 2025.