ESTUDANTES-TRABALHADORES DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UERJ: PARADOXOS DA INCLUSÃO ACADÊMICA

Resumo

A partir da expansão do Ensino Superior público em anos recentes no Brasil, da implementação de políticas públicas de ação afirmativa que tornaram o alunado mais heterogêneo e da promoção de programas de assistência estudantil (PNAES), constata-se uma alteração no sentido social da universidade pública brasileira. Historicamente considerada locus para formação das elites acadêmicas e econômicas, elas vêm, gradualmente, se transformando em espaço mais aberto e inclusivo. Constata-se entre seus egressos casos de primeiros membros graduados em suas famílias, como resultado do processo de incorporação de segmentos sociais antes alijados do acesso à matrícula. Apesar de mais inclusiva, a universidade pública tem um contingente de estudantes que é impossibilitado de vivenciar a experiência acadêmica em sua pujança devido a condição de estudante-trabalhador. A presente pesquisa discute processos antagônicos: de um lado a ampliação das oportunidades de acesso à matrícula em universidades públicas, de outro, a produção de novas desigualdades que se desenvolvem em múltiplos níveis. Ao tomar como sujeitos da pesquisa os estudantes-trabalhadores do curso de Ciências Sociais da Uerj, procuro compreender suas percepções e representações sobre as desigualdades no interior do próprio curso que realizam. Metodologicamente, a pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: 1) aplicação de um questionário entre os estudantes matriculados há mais de cinco anos, visando identificar os estudantes-trabalhadores; 2) realização de cinco entrevistas semiestruturadas em profundidade, em que foi possível constatar que o trabalho é um fator dificultador da experiência acadêmica, porém não é considerado determinante como fator explicativo para o atraso na conclusão do curso.
Palavras-chave: Brasil-Ensino Superior; Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ; Ciências Sociais; Estudante-trabalhador; Trajetórias acadêmicas.